Interpretar textos – Toda saudade


Trabalhar com músicas em sala de aula é bastante eficaz porque nos dá a chance de conquistar a atenção do aluno com algo que faz parte efetivamente do mundo dele. No caso desses exercícios de interpretação que trago hoje vamos ler o texto do Gilberto Gil e responder algumas questões referentes a ele. Interpretar textos só se aprende fazendo exercícios e nessa prática acabamos aprendendo a fazer redações no Enem melhor. Por isso mesmo, comece agora e, depois, confira o gabarito para ver seu desempenho e como poderá melhorar em seus estudos para o vestibular e Enem.

Lista de exercícios de interpretação

Toda saudade

Toda saudade é a presença
Da ausência de alguém
De algum lugar
De algo enfim
Súbito o não
Toma forma de sim
Como se a escuridão
Se pusesse a luzir
Da própria ausência de luz
O clarão se produz
O sol na solidão
Toda saudade é um capuz
Transparente
Que veda
E ao mesmo tempo
Traz a visão
Do que não se pode ver
Porque se deixou pra trás
Mas que se guardou no coração

(Gilberto Gil)

1) Por “presença da ausência” pode-se entender:

a) ausência difícil

b) ausência amarga

c) ausência sentida

d) ausência indiferente

e) ausência enriquecedora

Interpretar textos – Toda saudade - imagem2) Para o autor, a saudade é algo:

a) que leva ao desespero.

b) que só se suporta com fé.

c) que ninguém deseja.

d) que transmite coisas boas.

e) que ilude as pessoas.

3) O texto se estrutura a partir de antíteses, ou seja, emprego de palavras ou expressões de sentido contrário. O par de palavras ou expressões que não apresentam no texto essa propriedade antitética é:

a) presença (/. 1) / ausência (/. 1)

b) não (/. 3) / sim (/. 3)

c) ausência de luz (/. 5) / clarão (/. 6)

d) sol (/. 7) / solidão (/. 7)

e) que veda (/. 9) / traz a visão (/. 9)

4) Segundo o texto:

a) sente-se saudade de pessoas, e não de coisas.

b) as coisas ruins podem transformar-se em coisas boas.

c) as coisas boas podem transformar-se em coisas ruins.

d) a saudade, como um capuz, não nos permite ver com clareza a situação que vivemos.

e) a saudade, como um capuz, não nos deixa perceber coisas que ficaram em nosso passado.

5) O que se guarda no coração é:

a) a saudade

b) o clarão

c) o que se deixou para traz

d) a visão

e) o que não se pode ver

Gabarito de interpretação de textos

1) Letra c

Há pessoas que não sentem a ausência de outras pessoas. Entende-se por “presença da ausência” que a ausência está presente, isto é, a pessoa sente essa ausência. Daí se poder entender como uma ausência sentida.

2) Letra d

O autor destaca, numa linguagem metafórica, coisas boas que a saudade traz. O não tomando a forma do sim, a escuridão passando a luzir, o sol na solidão.

3) Letra d

Presença é antônimo de ausência, isso constitui um antítese. Da mesma forma, não e sim. Ausência de luz se opõe semanticamente a clarão. Que veda (que fecha, que não deixa ver) se opõe a traz a visão. Sempre que palavras ou expressões são opostas quanto ao sentido, diz-se que constituem antíteses. Não há essa ideia de coisa contrária entre sol e solidão, porque solidão não é algo escuro, que se oporia à luz do sol.

4) Letra b

No texto, várias coisas ruins se transformam em boas. Por exemplo, o não (ninguém gosta de uma negativa em determinadas situações) que se transforma em sim.

5) Letra e

Questão bastante delicada. Aparentemente, duas opções serviriam como resposta: c e e. A ligação da oração “mas que se guardou no coração” é com “do que não se pode ver”: do que não se pode ver mas se guardou no coração; então, o que está no coração é o que não se pode ver; por isso a resposta é a letra e. Mas por que a ligação não é com a oração começada por porque? Volte ao texto, por favor, e verifique que essa oração (porque se deixou pra trás) pode ser retirada do texto sem que com ela tenha que ser retirada também a oração iniciada por mas. Outra maneira de comprovar isso é observar o emprego do pronome relativo que: do que não se pode ver mas (do) que se guardou no coração. Realmente, as duas orações estão ligadas diretamente.

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