Modelo de redação sobre cooperação


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Cooperação gerando satisfação

A canção "Trem das Onze" de Adoniran Barbosa narra de maneira primorosa como o trem era presente na vida do povo em épocas passadas. Hoje, ao contrário do que escreve a música, tal meio de transporte apresenta-se, para muitos, somente em parques de diversão (trem-fantasma) ou brinquedos de criança. 0 transporte ferroviário tornou-se obsoleto, algo que não poderia ter ocorrido num país como o Brasil, onde tal sistema apresenta vantagens que o colocam como prioritário para suprir as atuais necessidades nacionais.
O Brasil destaca-se no cenário internacional como grande exportador de minérios, soja, café, laranja, carne e muitos outros primários. Por sua dimensão continental, possui pólos produtores tanto no litoral como no interior afastado do oceano. Nenhum meio de transporte supriria as necessidades do agronegócio de exportação como o ferroviário, pois é de baixo custo, transporta grandes quantidades, tem manutenção mais barata que a do rodoviário e não depende de fatores climáticos como o fluvial. O desperdício também é muito menor, aumentando os ganhos. Mas não é somente às indústrias e produtores agropecuários que tal meio é vantajoso.
A população urbana sofre com a dificuldade de locomoção, principalmente em metrópoles como São Paulo, onde perdem-se horas em congestionamentos e centenas de reais em conserto de carros danificados pelas péssimas condições das ruas. O automóvel é péssimo para suprir a necessidade coletiva, enquanto o trem (seja de superfície ou metro) é mais que vantajoso, pois é rápido, barato, pouco poluidor e transporta muitas pessoas. Neste caso, o papel do Estado é fundamental, pois em regiões já ocupadas são necessárias grandes obras e desapropriações. Sendo a capacidade dos diversos setores públicos limitada, a melhor solução seria a aliança entre o público e o privado através das PPPs (parcerias público-privadas). Os riscos de má gerência ou corrupção são menores em tais parcerias.
A ação do governo brasileiro (e dos estaduais e municipais também) no setor público nunca foi louvável, salvo certas exceções. Desde a realização de projetos faraónicos como a Transamazônica à má conservação das estradas federais, a ação é pouca ou mal feita. A opção pelo transporte rodoviário-também não foi boa, pois grande parcela da população (principalmente as mais pobres de cidades médias e pequenas) não recebe muitos benefícios da construção de estradas. A união da força do alcance do Estado com a boa estratégia da iniciativa privada poderia integrar os diversos setores e regiões do país com a escolha de trens como transporte majoritário. Concessão é um método eficaz de participação governamental.
Outra maneira eficaz do governo participar da reestruturação do sistema viário é criando e aperfeiçoando as atuais agências reguladoras. Afinal, se um governo atuando sozinho pode ser corrupto, uma empresa pode ser abusiva. A fiscalização por meio da opinião dos usuários é sem dúvida a melhor maneira de se aperfeiçoar qualquer sistema. Com os papéis de cada parte definidos, haveria poucos entraves para a realização de qualquer projeto.
Um migrante viajando à distante terra natal para visitara família; um empresário exultante ao constatar o corte dos custos no transporte de cargas; um trabalhador, seja da construção ou da informática, passando mais tempo com a família por não levar mais 3 horas para ir e voltar do trabalho. São cenas diversas, masque poderiam todas serem concretizadas por maior implantação do sistema ferroviário. Por diversas divergências, nem o setor público nem o privado efetivamente implantaram tal sistema no país inteiro, motivo do atua! sucateamento de grande parte dos trens. Uma cooperação maior entre tais partes, pensando também sempre no povo é, sem questionamentos, o melhor caminho para se resolver a questão dos transportes no país. Talvez então fosse possível que o personagem de Adoniran não ficasse preocupado, pois a qualquer horário da noite haveria trens indo para toda a parte da cidade, inclusive para sua própria casa.

Análise da redação no vestibular

DESVIANDO DE ARMADILHAS: a dissertação, considerada acima da média pelos avaliadores, é um exemplo de como evitar os riscos descritos neste capítulo com o bom uso dos recursos apresentados nos capítulos anteriores. Apenas uma expressão poderia ser apontada como lugar-comum, por encerrar alguma tendência demagógica: "pensando também sempre no povo". Há também um caso de redundância de vocabulário na expressão "por diversas divergências", que poderia ter sido contornada com uma construção como "por uma série de divergências". Isso, no entanto, não compromete essa redação rica em argumentos e muito bem estruturada. Confira:

• O bom aproveitamento da coletânea, citando os vários problemas do transporte no país (como a falta de ferrovias para escoara produção) e papéis já exercidos pelo Estado, evitou que o candidato fugisse do tema.

• A riqueza de argumentos (um país exportador precisa de ferrovias, os grandes centros urbanos precisam de uma alternativa ao caos do trânsito, para citar apenas alguns) evitou o uso de clichés.

• O candidato permitiu que ele apresentasse seus argumentos de forma clara e sem rebuscamentos. Com frequência, frases muito extensas ou confusas demonstram falta de conhecimento do assunto tratado.

• A proposta de diálogo e cooperação (parceria entre os setores público e privado) como solução para os problemas apresentados foi uma decisão sábia que conferiu sobriedade ao texto, evitando radicalismos e panfletagem.

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