Quais os dois tipos de verossimilhança?


Neste artigo veremos a diferença entre verossimilhança interna e verossimilhança externa. Gosto de dizer para os alunos que precisamos atentar para isso para que nosso textos tenham credibilidade. Claro que, guardadas as devidas correções, nossos textos precisam refletir a realidade. Vejamos então os dois tipos de verossimilhança.

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A verossimilhança externa

É tudo quanto, na criação, aproxime seu texto do plausível, do que realmente pode acontecer no mundo

com os seres. Ela aproxima a sua narrativa de uma, digamos, respeitabilidade. Quem o ler associa os fatos, personagens, tempo e espaço ao real-real.

Para que isso ocorra, você terá que se valer do plausível; ao descrever um ser qualquer, fará com que se pareça com qualquer criatura que qualquer um de nós pode identificar rapidamente.
Obvio que você poderá também, e se quiser, criar uma personagem não familiar, num universo de ficção científica: um marciano verde, que fala com o som de um grilo cantando, tem cabelos verdes, duas antenas cor de laranja, mede 2m 50 e os olhos são duas micro telas de computador. Mas há de compreender que isso é inverossímil.

A verossimilhança interna

Está relacionada ao segundo texto que lemos. Embora aquilo não seja possível no cotidiano, é bom lembrar que, internamente, as ações se encadeiam de modo a formar um todo. Dentro do enredo de Millor cabe até um corcunda saído não se sabe de onde, uma sogra que é meio bicho e meio gente e uma amante que, vindo morar junto com a mulher e os filhos do homem amado(?), ainda traz como companhia um filho adotivo!

Embora isso, externamente, com relação ao mundo habitado por nós, seja louco demais, com relação à ordenação interna da obra é perfeitamente plausível.

Além disso, é bom lembrar, ainda, que a verossimilhança existe no contexto da história que se está criando. Por exemplo: se você estiver contando um fato como no texto 1 e se arriscar a colocar um marciano no meio que salva o deputado e o leva num disco voador para Júpiter, corre o risco de quebrar a verossimilhança interna da redação e fazer seu texto despencar na credibilidade que pudesse ter.

Fatos dito "estranhos" podem ocorrer nas narrativas, quebrar-lhes o fluxo de continuidade; a isso, chamamos "estranhamento" ou "novidade" e é o que ocorre naquilo que denominamos realismo fantástico. Para exemplificar isso, observe o que acontece em Jangada de Pedra, de José Saramago: um dia, ao riscar o chão com uma vara de negrilho, Joana Carda abre no chão uma fenda que, a partir daquele momento, crescerá tanto a ponto de afastar a Península Ibérica de toda a Europa. Portugal e Espanha transformar-se-ão numa grande "jangada de pedra" e flutuarão, livres, no oceano. É o realismo mágico ou fantástico.

Um outro exemplo de estranhamento é o que Érico Veríssimo conta em seu Incidente em Antares: uma cidade pacata tem sete mortos num dia, em plena greve geral, da qual também participam os coveiros. Não são enterrados e, deixados pela família e amigos diante do portão do cemitério, à espera de que acabe a greve no outro dia, levantam-se no meio da noite e se dirigem a Antares, onde, no coreto da praça, "lavarão a roupa suja" de toda a comunidade.

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