Atividade diagnóstica de Interpretação de Textos


Esta é mais uma avaliação que pode ser aplicada no Ensino Fundamental como atividade disgnóstica pou mesmo com atividade paar treinar a interpretação de texto. Com um pouco de paciêmnca, pode-se usar o texto para questões envolvendo conteúdo de gramática. Visitem ainda o outro post onde coloquei a primeira avaliação disgnóstica para Ensino Fundamental II aqui no site.

Aumente 20% suas chances de aprovação

Atividade diagnóstica de Português

O Homem Que Queria Eliminar A Memória

Entrou no hospital, mandou chamar o melhor neurocirurgião. Disse que era caso de vida e morte. Não se sabe como, o melhor neurocirurgião foi atendê-lo. Médicos são imprevisíveis. Precisa-se muito e eles falham; subitamente, estão ali, salvando nossas vidas, ele pensou, sem se incomodar com o lugar-comum.
Estava na sala diante do doutor. Uma sala branca, anônima. Por que são sempre assim, derrotando a gente logo de entrada?
O médico:
— Sim?
— Quero me operar: Quero que o senhor tire um pedaço do meu cérebro.
— Um pedaço do cérebro? Por que eu vou tirar um pedaço do seu cérebro?
— Porque eu quero.
— Sim, mas precisa me explicar. Justificar.
— Não basta eu querer?
— Claro que não.
— Não sou dono do meu corpo?
— Em termos.
— Como em termos?
— Bem, o senhor é e não é. Há certas coisas que o senhor está impedido de fazer. Ou melhor; eu e que estou impedido de fazer no senhor.
Quem impede?
A ética. a lei.
— A sua ética manda também no meu corpo? Se pago, se quero, é porque quero fazer do meu corpo aquilo que desejo. E se acabou.
— Olha, a gente vai ficar o dia inteiro nesta discussão boba. E não tenho tempo a perder. Por que o senhor quer cortar um pedaço do seu cérebro?
— Quero eliminar a minha memória.
— Para quê?
— Gozado, as pessoas só sabem perguntar: o quê? por quê? para quê? Falei com dezenas de pessoas e todas me perguntaram: por quê? Não podem aceitar pura e sim­plesmente alguém que deseja eliminar a memória.
Já que o senhor veio a mim para fazer esta operação, tenho ao menos o direito dessa informação.
— Não quero mais me lembrar de nada. Só isso. As coisas passaram, passaram. Fim!
— Não é tão simples assim. Na vida diária, o senhor precisa da memória. Para lembrar de pequenas coisas. Ou grandes. Compromissos, encontros, coisas a pagar etc.
— É tudo isso que vou eliminar. Marco numa agenda, olho ali e pronto.
— Não dá pra fazer isso, de qualquer modo. A medicina não está tão adiantada assim.
— Em lugar nenhum posso eliminar a minha memória?
— Que eu saiba não.
— Seria muito melhor para os homens. O dia-a-dia. O dia de hoje para a frente. Entende o que eu quero dizer? Nenhuma lembrança ruim ou boa, nenhuma neurose. O passado fechado, encerrado. Definitivamente bloqueado. Não seria engraçado? Não se lembrar sequer do que se tomou no café da manhã? E para que quero me lembrar do que tomei no café da manhã?
— Se todo mundo fizesse isso, acabaria a história.
— E quem quer saber de história?
— Imaginou o mundo?
— Feliz, tranqüilo. Só de futuro. O dia em vez de se transformar em passado de hoje, mudando-se em futuro. Cada instante projetado para a frente.
— Não seria bem assim. Teríamos apenas uma soma de instantes perdidos. Nada mais. Cada segundo eliminado. A sua existência comprovada através do quê?
— Quem quer comprovar a existência?
— A gente precisa.
— Para quê?
O médico pensou. Não conseguiu responder. O homem tinha-o deixado totalmente confuso. Pediu ao homem que voltasse outro dia. Despediram-se. O médico subiu para os brancos corredores do hospital, passou pela sala de operações. Chamou um amigo.
— Estou pensando em tirar um pedaço do meu cérebro. Eliminar a memória. O que você acha?
— Muito boa idéia. Por que não pensamos nisso antes? Opero você e depois você me opera. Também quero.

BRANDÃO, 1979. p. 39-41

Estudo do texto

1) Por que o narrador diz : “Não se sabe como, o melhor neurocirurgião foi atendê-lo?

2) Explique a afirmativa : “Por que são sempre assim, derrotando a gente logo de entrada?

3) Qual foi o pedido do paciente?

4) Por que o médico não aceitou a idéia imediatamente?

5) O que , acima de tudo, irritava o paciente?

6) Como o paciente resolveria seus compromissos, sem a memória?

7) Qual foi a explicação dada pelo paciente para provar que os homens , sem memória , viveriam melhor?

8) O que prova que o médico ficou realmente convencido?

9) Como você julga o pedido do paciente ?

10) Se você fosse o médico operaria o paciente?

11) Seria bom viver sem lembranças? Por quê?

Nenhum comentário :

Postar um comentário