Neste artigo reuni todas as figuras de linguagem que considero importantes que o aluno aprenda quando está no Ensino Médio. Elas não só ajudarão na interpretação de textos como também servirão de recurso para que, na hora da redação, o aluno tenha melhores instrumentos para expressar suas opiniões e, claro, criatividade. Há outras, é claro, mas tratarei delas noutros artigos aqui em lá no Mais Educativo. Além disso, qualquer aluno pode ter as explicações de vídeo se seguir aquilo que mostro neste post.
Figuras de linguagem
As figuras constituem um recurso especial de construção, valorizando e embelezando o texto. Há questões de provas, inclusive em concursos públicos, que cobram, direta ou indiretamente, o emprego adequado da linguagem figurada. Vejamos as mais importantes, que você não pode desconhecer. Elas não serão, aqui, agrupadas de acordo com sua natureza: de palavras, de pensamento e de sintaxe. Não há importância nessa distinção, para interpretarmos um texto.
1) Comparação ou símile
Consiste, como o próprio nome indica, em comparar dois seres, fazendo uso de conectivos apropriados.
Ex.: Esse liquido é azedo como limão.
A jovem estava branca qual uma vela.
2) Metáfora
Tipo de comparação em que não aparecem o conectivo nem o elemento comum aos seres comparados.
Ex.: “Minha vida era um palco iluminado...” (Minha vida era alegre, bonita etc. como um palco iluminado.)
Tuas mãos são de veludo. (Entenda-se: mãos macias como o veludo)
“A vida, manso lago azul...” (Júlio Salusse)
(Neste exemplo, nem o verbo aparece, mas é clara a ideia da comparação: a vida é suave, calma como um manso lago azul.)
3) Metonímia
Troca de uma palavra por outra, havendo entre elas uma relação real, concreta, objetiva. Há vários tipos de metonímia.
Ex.: Sempre li Érico Veríssimo, (o autor pela obra)
Ele nunca teve o seu próprio teto. (a parte pelo todo)
Cuidemos da infância. (o abstrato pelo concreto: infância / crianças)
Comerei mais um prato. (o continente pelo conteúdo)
Ganho a vida com meu suor. (o efeito pela causa)
4) Hipérbole
Consiste em exagerar as coisas, extrapolando a realidade.
Ex.: Tenho milhares de coisas para fazer.
Estava quase estourando de tanto rir.
Vive inundado de lágrimas.
5) Eufemismo
É a suavização de uma ideia desagradável. Chamado de linguagem diplomática.
Ex.: Minha avozinha descansou. (morreu)
Ele tem aquela doença. (câncer)
Você não foi feliz com suas palavras. (foi estúpido, grosseiro)
6) Prosopopeia ou personificação
Consiste em se atribuir a um ser inanimado ou a um animal ações próprias dos seres humanos.
Ex. A areia chorava por causa do calor.
As flores sorriam para ela.
7) Pleonasmo
Repetição enfática de um termo ou de uma ideia.
Ex.: O pátio, ninguém pensou em lavá-lo. (lo = O pátio)
Vi o acidente com olhos bem atentos. (Ver só pode ser com os olhos.)
8) Anacoluto
É a quebra da estruturação sintática, de que resulta ficar um termo sem função sintática no período. É parecido com um dos tipos de pleonasmo.
Ex.: O jovem, alguém precisa falar com ele.
Observe que o termo O jovem pode ser retirado do texto. Ele não se encaixa sintaticamente no período. Caso disséssemos Com o jovem, teríamos um pleonasmo: com o jovem = com ele.
9) Antítese
Emprego de palavras ou expressões de sentido oposto.
Ex.: Era cedo para alguns e tarde para outros.
“Não és bom, nem és mau: és triste e humano.” (Olavo Bilac)
10) Sinestesia
Consiste numa fusão de sentidos.
Ex.: Despertou-me um som colorido. (audição e visão)
Era uma beleza fria. (visão e tato)
11) Catacrese
É a extensão de sentido que sofrem determinadas palavras na falta ou desconhecimento do termo apropriado. Essa extensão ocorre com base na analogia. Por isso, ela é uma variação da metáfora.
Ex.: Leito do rio. Dente de alho. Barriga da perna. Céu da boca.
Curiosas são as catacreses constituídas por verbos: embarcar num trem, enterrar uma agulha no dedo etc. Embarcar é entrar no barco, não no trem; enterrar é entrar na terra, não no dedo.
12) Hipálage
Adjetivação de um termo em vez de outro.
Ex.: O nado branco dos cisnes o fascinou, (brancos são os cisnes)
Acompanhava o voo negro dos urubus, (negros são os urubus)
13) Quiasmo
Ao mesmo tempo repetição e inversão de termos, podendo haver algumas alterações.
Ex.: “No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho “(C. D. Andrade)
“Vinhas fatigada e triste, e triste e fatigado eu vinha.” (Olavo Bilac)
14) Silepse
Concordância anormal feita com a ideia que se faz do termo e não com o próprio termo. Pode ser:
a) de gênero
Ex.: V Sª é bondoso.
A concordância normal seria bondosa, já que V. Sª é do gênero feminino. Fez-se a concordância com a ideia que se possui, ou seja, trata-se de um homem.
b) de número
Ex.: O grupo chegou apressado e conversavam em voz alta.
O segundo verbo do período deveria concordar com grupo.
Mas a ideia de plural contida no coletivo leva o falante a botar o verbo no plural: conversavam. Tal concordância anormal não deve ser feita com o primeiro verbo.
c) de pessoa.
Ex.: Os brasileiros somos otimistas.
Em princípio, dir-se-ia são, pois o sujeito é de terceira pessoa do plural. Mas, por estar incluído entre os brasileiros, é possível colocar o verbo na primeira pessoa: somos.
15) Perífrase
Emprego de várias palavras no lugar de poucas ou de uma só.
Ex.: “Se lá no assento etéreo onde subiste...” (Camões)
assento etéreo = céu.
Morei na Veneza brasileira.
Veneza brasileira = Recife
Não provoque o rei dos animais.
rei dos animais = leão.
Obs.: Questões que envolvem perífrase pedem, frequentemente, conhecimento independente do texto.
16) Assíndeto
Ausência de conectivo. É um tipo especial de elipse, que é a omissão de qualquer termo.
Ex.: Entrei, peguei o livro, fui para a rede.
Ligando as duas últimas orações, deveria aparecer a conjunção e.
17) Polissíndeto
Repetição da conjunção, geralmente e.
Ex.: “Trejeita, e canta, e ri nervosamente.” (Padre Antônio Tomás)
“E treme, e cresce, e brilha, e afia o ouvido, e escuta.” (Olavo Bilac)
18) Zeugma
Omissão de um termo, geralmente verbo, empregado anteriormente. Variação da elipse.
Ex.: “A moral legisla para o homem; o direito, para o cidadão.” (Tomás Ribeiro)
“São estas as tradições das nossas linhagens; estes os exemplos de nossos avós.” (Herculano)
Obs.:Na primeira frase, está subentendida a forma verbal legisla; na segunda, são.
19) Apóstrofe
Chamamento, invocação de alguém ou algo, presente ou ausente. Corresponde ao vocativo da análise sintática.
Ex.: “Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?!” (Castro Alves)
“Erguei-vos, menestréis, das púrpuras do leito!” (Guerra Junqueiro)
20) Ironia
Consiste em dizer-se o contrário do que se quer. É figura muito importante para a interpretação de textos.
Ex.: “Moça linda bem tratada, três séculos de família, burra como uma porta, um amor.” (Mário de Andrade)
Observe que, após chamar a moça de burra, o poeta encerra a estrofe com um aparente elogio: um amor.
21) Hipérbato
É a inversão da ordem dos termos na oração ou das orações no período.
Ex.: “Aberta em par estava a porta.” (Almeida Garrett)
“Essas que ao vento vêm
Belas chuvas de junho!” (Joaquim Cardozo)
22) Anástrofe
Variante do hipérbato. Consiste em se inverter a ordem natural existente entre o termo determinado (principal) e o determinante (acessório).
Ex.: Sentimos do vento a carícia.
Determinado: a carícia
Determinante: do vento
Obs.: Nem sempre é simples a distinção entre hipérbato e anástrofe. Há certa discordância entre os especialistas do assunto.
23) Onomatopeia
Palavra que imita sons da natureza.
Ex.: O ribombar dos canhões nos assustava.
Não aguentava mais aquele tique-taque insistente.
“Não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano.” (Machado de Assis)
24) Aliteração
Repetição de fonemas consonantais.
Ex.: Nem toda tarefa é tão tranquila.
“Ruem por terra as emperradas portas.” (Bocage)
“Os teus grilhões estrídulos estalam.” (Raimundo Correia)
Obs.: Nos dois últimos exemplos, as aliterações procuram reproduzir, sons naturais, constituindo-se também em onomatopeias.
25) Enálage
Troca de tempos verbais.
Ex.: Se você viesse, ganhava minha vida mais entusiasmo,
Agora que murcharam teus loureiros
Fora doce em teu seio amar de novo.” (Álvares de Azevedo)
Obs.: Na primeira frase, ganhava está no lugar de ganharia; na segunda, fora substitui seria.
Excelente materia. Ideal para para uso em saka de aula .
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