O homem energético – exercício de interpretação


O artigo de hoje já apareceu em meus sites e já compartilhei como exercício lá no meu grupo de discussão no Facebook. É um texto bem legal para trabalhar com os alunos. Desta vez é, sobretudo, um exercício de interpretação de textos assim como o anterior. A diferença é que naquele havia alguns exercícios de ambiguidade também. Resolva-o e, depois, deixe comentários com o seu gabarito aqui no blog.

O HOMEM ENERGÉTICO

Imagine uma cidade antiga, sem energia elétrica. Vamos passear por ela, à noite. As ruas completamente escuras. Com um pouco de sorte, poderá haver um luar agradável, permitindo enxergar o contorno das casas e a torre da igreja.

Na sala de uma casa qualquer, após o jantar, um grande lampião de gasolina ilumina todo o ambiente. Produz uma luz intensa, muito branca, por causa de uma pequena rede de titânio que envolve a chama. Esta, aquecida, emite uma luz muito mais forte e clara que a chama tremeluzente amarelo-avermelhada de um simples lampião de querosene ou de uma lamparina.

Nessa sala, cada membro da família se entrega a um passatempo favorito: tricô, vitrola de corda, jogo de cartas, leitura. Não existe televisão, rádio, videofilmes ou outros passatempos eletrônicos. Tampouco a enorme variedade de eletrodomésticos que substituem o esforço físico na realização dos trabalhos de rotina.

Sem muito que fazer, dormem demasiado cedo. A falta de luz castiga a vista; é grande o consumo de querosene, de gasolina e de velas. Toda atividade é penosa. Durante a noite, fica acesa apenas uma ou outra lamparina. O silêncio é completo. Não existem buzinas nem roncos de motores acelerados. Ouve-se apenas o ruído compassado dos cascos ferrados de cavalos batendo nas pedras do calçamento.

Parece uma cidade fictícia, mas não é. É São Paulo do século passado. O Brasil teve sua primeira usina hidrelétrica em 1889. Em 1900, quando começaram os bondes elétricos, em São Paulo já existia gerador a vapor. Próximo de 1930, era, preponderantemente, a gás a iluminação das ruas. Nas casas, a eletricidade era empregada apenas para acender umas poucas lâmpadas.

Como as locomotivas, as máquinas industriais eram movidas, principalmente, a vapor obtido de grandes caldeiras aquecidas pela queima de carvão inglês. De manhã, ouviam-se os apitos emitidos pelas caldeiras das fábricas, anunciando a hora da entrada para o trabalho. À tarde, os acendedores de lampiões, funcionários públicos, acendiam os postes de iluminação da cidade.

Para uma pessoa nascida no final deste século, é difícil sequer imaginar a vida na cidade sem eletricidade. Quase não se vê uma casa, modesta que seja, sem ter sobre o telhado, uma arborescente antena de televisão e, na cozinha, pelo menos um liquidificador. É o progresso, dizemos. Sem energia, não há civilização, não há desenvolvimento!

O controle de várias formas de energia deu ao homem um enorme poder sobre a natureza - de construir ou destruir. O progresso dos últimos cem anos foi superior ao que aconteceu nos cinquenta séculos da conhecida história da humanidade.

Esse progresso mecânico, porém, baseados apenas no domínio da energia, pode ser sempre considerado benéfico à espécie humana? Foi o resultado do real aumento da inteligência ou da capacidade de compreensão humana? Não poderá o emprego das diversas fontes de energia, em larga escala, gerar algum prejuízo, alguma consequência negativa para a própria natureza?

1) De acordo com o texto, pode-se afirmar que:

A) o progresso só traz consequências benéficas à humanidade.

B) a tecnologia, ao lado bem, pode trazer o mal.

C) o homem possui inteligência para somente produzir o bem.

D) as técnicas humanas nem sempre são bem entendidas por todos.

E) jamais o homem, usando a eletricidade, proporcionará apenas o bem.

2) O texto afirma que:

A) com o progresso, a cidade de São Paulo, não mais viveu na escuridão.

B) uma cidade sem eletricidade não proporciona o conforto de hoje.

C) um paulistano de hoje, nem imagina sua cidade sem eletricidade.

D) a energia elétrica resolveu todos os problemas dos paulistanos.

E) as fontes de energia são a salvação do homem de hoje.

3) Pelo texto, pode-se concluir, unicamente, com certeza, que:

A) a história da humanidade é conhecida há pelo menos 5000 anos.

B) a eletricidade apenas foi conhecida no final do século XX.

C) o homem não consegue viver sem as fontes de energia elétrica.

D) sem energia elétrica, não há progresso humano.

E) as antenas de TV indicam progresso em benefício da humanidade.

4) Na antiga cidade de São Paulo, antes da chegada da energia elétrica, vivia-se, segundo o texto:

A) com mais intensidade familiar, no ambiente doméstico.

B) com problemas de visão, decorrentes da falta de luminosidade.

C) sem ilusão e fantasia, porque não havia video-filmes.

D) sem fraternidades, porque cada família se fechava em si mesma.

E) com problemas de comunicação, pois as antenas eram precárias.

5) De acordo com o texto, é válido afirmar que, na antiga São Paulo:

A) os eletrodomésticos substituíam o esforço físico.

B) à noite, pela falta de luz elétrica, nada se podia ver ou enxergar.

C) apenas o querosene iluminava as casas de seus habitantes.

D) a luz proveniente da queima do querosene era a mais forte de todas.

E) por não existir muita atividade à noite, dormiam cedo.

6) Os bondes elétricos começaram a transitar em São Paulo:

A) na terceira década deste século.

B) no ano em que surgiu, em São Paulo, a primeira usina hidrelétrica.

C) no ano em que foi descoberta a energia elétrica.

D) após a iluminação das ruas com a energia elétrica.

E) no último ano do século XIX.

7) De acordo com o autor, com o controle de várias formas de energia, o homem sentiu-se de posse de enorme poder que permite:

A) dominar o mundo.

B) propiciar a toda humanidade mais conforto e progresso.

C) iluminar as cidades e mover as fábricas e veículos.

D) construir e destruir.

E) atuar na sociedade, diminuindo a distância entre as classes.

8) Até o ano 2.000 a espécie humana terá aumentado cerca de 270 por cento em relação a 1.900. Todo dia, 220 mil bebês vêm ao mundo, Apesar disso a:

A) a proliferação humana é a maior ameaça ao ambiente do planeta.

B) o aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera não tem atingido índices preocupantes.

C) o ritmo de crescimento da população mundial está diminuindo.

D) poucos países têm adotado o planejamento familiar.

E) não há motivo para se temer uma escassez de alimentos.

9)

(...) E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero na salada. — o meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na ca­misa, calço meia furada. Que fim levou o saca-rolhas? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.

Dalton Trevisan. "II — Os Mistérios de Coritiba". In Os desastres do amor.

"Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham."

Observando o período acima, responda:

Como pode ser justificado o emprego do segundo verbo do período no presente, enquanto o primeiro se apresenta no pretérito?

Nenhum comentário :

Postar um comentário